Revista Literaria da Escritora Negra Brasileira. Reune obras e biografias de escritoras negras brasileiras.
domingo, 24 de setembro de 2017
terça-feira, 12 de setembro de 2017
Maria Nascimento / Trovadora * Antonio Cabral Filho - RJ
Maria Nascimento
Maria Nascimento Santos Carvalho, Maria Nascimento,
nasceu em Coruripe, Alagoas, no dia 25 de dezembro. É viúva do saudoso trovador Élton Carvalho.
Advogada, jornalista, escritora, poeta com o título de Princesa da Poesia de Maceió, eleita em 2006, e trovadora com o título de Magnífica Trovadora nos Jogos Florais de Nova Friburgo.
Residiu no Rio de Janeiro de novembro de 1962 até dezembro de 2014, quando voltou a Maceió. No Rio, ainda conserva moradia que visita anualmente.
É signatária da Ata de Fundação da União Brasileira de Trovadores - UBT- em 21.08.1966, sendo também Sócia Benemérita da UBT Nacional e atual presidente de honra da UBT Rio de Janeiro, seção de que foi presidente titular de 2005 a 2015. Na UBT, desempenhou ainda o cargo de Presidente Estadual fluminense.
É membro de dezenas de entidades culturais, entre as quais se destacam aquelas dedicadas à literatura, inclusive o Grêmio Haicai Águas de Março, e autora de mais de uma dezena de livros de trovas e poesia em geral, incluindo sonetos.
*
Seleta de Trovas,
feita pela autora para a obra acima:
A vida me faz cobrança
pelas chances que me deu...
Mas meus mitos de criança
roubou-me, e não devolveu...
*
Misterioso e impreciso,
teu amor foi, na verdade,
inferno, céu, paraíso,
solidão, mágoa ... e saudade....
*
Se encontro apenas fracassos,
não escondo as cicatrizes,
que eu não sou como os palhaços
que fingem que são felizes...
*
Buscando a felicidade,
ao amor me escravizei,
mas foi por livre vontade
que eu nunca me libertei...
*
Perdão, humilde, não peça
quando houver culpas iguais,
que a gente sempre tropeça
quando se humilha demais...
*
Para aceitar minha cruz,
cair, mas cair de pé,
Deus me dotou de outra luz:
a divina Luz da Fé...
*
Há conflitos raciais
porque o racista não sente
que os homens são "desiguais"
mas vem da mesma semente...
*
Se eu ganhar, sem merecer,
troféus de lutas inglórias,
que Deus me faça esquecer
todas as falsas vitórias.
*
Inspirando a serenata
com seus raios encantados,
a Lua é o farol de prata
do mar dos apaixonados.
*
Meia-luz não me tortura
nem faz pesar minha cruz,
porque a penumbra é a mistura
que Deus faz de treva e luz!
*
Envelheci, mas agora,
sem forças para lutar,
vou jogando tempo fora
para o meu tempo passar.
*
Minha jangada se lança
num mar revolto, e jamais
deixa no cais a esperança
ou volta, sem ela, ao cais...
*
Não sei bem se foi sonhando,
mas eu vi pelos espaços
o Sol, feliz, carregando
a Madrugada nos braços...
*
Ensina, com tolerância,
a criança pequenina
a ver o que é bom na infância...
que o restante a vida ensina.
*
O amigo que estende a mão
nos momentos de perigo,
é mais irmão que um irmão
que não sabe ser amigo...
*
Não deixe as cartas que eu mando
sem respostas, por favor,
porque é bom, de vez em quando,
reler mentiras de amor.
*
Eu sinto inveja do pranto
de quem saudade revive,
porque ainda tem o acalanto
de um bem que teve... e eu não tive.
*
A vida é estranha aquarela
que, conforme a sorte pinta,
dá luz e beleza à tela
ou somente espalha a tinta...
*
Senhor, um medo infinito
ao ter que julgar me assusta,
premida pelo conflito
entre ser boa e ser justa!
*
Nau forte não teme as vagas
que o mar poderoso alteia,
e enfrenta o mar de outras plagas
quando, a singrar, devaneia...
*
Se a distância, por maldade,
tua presença me furta,
pelo atalho da saudade
torno a distância mais curta.
*
Mamãe, tua idade avança
e eu, triste, não me consolo
porque sou sempre a criança
que precisa do seu colo!...
*
Não sabia onde nem quando
perdi meu sonho, querido,
mas, de novo, te encontrando,
achei meu sonho perdido.
*
Se houver um conflito cala,
porque, em plena discussão,
quanto mais a gente fala
tanto mais perde a razão.
*
Protegendo os inocentes
é que Deus, sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais!...
*
Carrego, triste, os escombros
da vida alegre que eu tinha
e deixou sobre os meus ombros
uma cruz que não é minha...
*
Meu mundo era um mundo puro,
mas o destino vilão
trocou meu mundo seguro
pelo caos de um mundo cão...
*
No momento em que partiste
pranteei minha viuvez...
Foi o trajeto mais triste
que uma lágrima já fez!
*
Revivendo o meu passado,
me torturo de tal jeito,
que chego a crer que é pecado
guardar saudades no peito!
*
Solidários nas desgraças
dos males que não tem cura,
os olhos servem de taças
para o vinho da amargura!...
*
Já sofri muito, em segredo,
e agora que me refiz,
sou feliz, mas tenho medo
de dizer que sou feliz!
*
Tentei manter limitadas
minhas horas de emoção,
mas não andam de mãos dadas
o sentimento e a razão!
*
O chofer ficou por conta
ao ser fechado na rua
por uma "perua" tonta
que guiava outra perua...
*
Porque a vida é a maior graça,
a minha alma se angustia
por ver que um dia que passa
é sempre menos um dia...
*
As mães são divinas plantas
que deram flores, sementes.
Para Deus são todas santas,
com milagres diferentes.
*
Foi pescar, mas preferiu
pôr viagra na isca, o Zé:
- no rio nunca se viu
tanta manjuba de pé...
*
Às vezes, tudo exigimos
que Deus faça a todo custo,
sem pensar que o que pedimos
tornaria Deus injusto.
*
Coração aventureiro,
não lutes contra a razão!
Aprende a apanhar primeiro,
depois bate, coração!
*
Vai sempre ao banho de mar,
mas não enfrenta as marés,
porque quer mesmo é pescar
um peixinho ... de dois pés!
*
A distância, achando meios
para unir nossas metades,
somou nossos devaneios
e dividiu as saudades!...
*
Deixaste de me escrever,
e, agora, sem lenitivo,
nem sei como vou viver,
se é dessas cartas que eu vivo!
*
Velava o esposo ainda quente,
mas sendo boa a viuvinha,
convocou seu pretendente
para não chorar sozinha!...
Encontro com o escritor, poeta e trovador Antonio Cabral Filho,
na reunião da UBT Rio, em julho de 2017.
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segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Gedalva Neres da Paz / Escritora * Antonio Cabral Filho - RJ
Gedalva Neres da Paz
Escritora e poeta
*
CORPO INQUIETO
Corpo inquieto
que não se cala
se agonia
ferve em si mesmo
Cala a boca do corpo
abre a boca do corpo
porque diz tanto
e não se ouve
Cala as bocas
da insatisfação
dos medos absolutos
da exibição da sua carência
Corpo que grita no silêncio
ninguém escuta a sua procura
corpo insano
corpo esquisito
de crenças enlouquecidas
Ah! Que corpo desconhecido
que procura desencontrada
do tudo para o nada
curvo ou reto
do bonito ao feio
Corpo sem osso
corpo com muito osso
carne, gordura ou músculo?
Vazio ou cheio
corpo que não tem gente
gente sem corpo
corpo de muita gente
Da língua ao corpo
Língua do corpo que fala
Língua que cala
Língua que lambe
O corpo
Língua que fala a verdade,
Mentira
Que inventa para a sua própria crença
Ilusão ou imaginação
Sustenta no corpo
No ar, no chão
Sonha o que deseja
Deseja o que não sonha
Das verdades falsas
Das fofocas que são suas
Dos outros
Realidade
Verdade
Corpo com língua
Fala
Corpo sem língua
Cala
Cala não fala
Verdades não ditas
Fala do corpo que não conhece
Fala do corpo que quer conhecer
Corpo da língua afiada
Corpo que bebe
Bebe o corpo
Corpo que fuma
E é fumado
Corpo bêbado
Corpo fumado
Corpo que incorpora
Corpo do seu corpo
Corpo do sem corpo
Corpo do corpo.
*
Gedalva Neres da Paz /
Valuza Saraiva
*
CORPO INQUIETO
Corpo inquieto
que não se cala
se agonia
ferve em si mesmo
Cala a boca do corpo
abre a boca do corpo
porque diz tanto
e não se ouve
Cala as bocas
da insatisfação
dos medos absolutos
da exibição da sua carência
Corpo que grita no silêncio
ninguém escuta a sua procura
corpo insano
corpo esquisito
de crenças enlouquecidas
Ah! Que corpo desconhecido
que procura desencontrada
do tudo para o nada
curvo ou reto
do bonito ao feio
Corpo sem osso
corpo com muito osso
carne, gordura ou músculo?
Vazio ou cheio
corpo que não tem gente
gente sem corpo
corpo de muita gente
O que é o amor?
O amor é energia
que toma o meu corpo
me deixa tonta
sei lá o que
O amor é uma força
Enlouquecedora que me deixa grande
que me dá entusiasmo
e me
joga para frente
O amor tem sexo?
O amor tem
endereço?
O amor tem vida,
O amor tem prazer
Prazer que eu encontro no encontro
dos corpos que falam, que gritam
e que nem os pares não escutam, nada
O amor é o silencio da alma, da escuta
da primavera, do por do sol , do mar
da cachoeira , do rio, dos riachos e dos animais
O amor tem a forma do vento
E não tem tempo
O amor sou eu e você, o amor é seu, e meu
Ninguém dá ninguém tira
Pois é só seu, uma vez conhecido
Jamais devolvido, dentro de você despertado
Estará sempre pronto para ser amado.
portanto, ou amo eu, você, homem e mulher, criança ou velho,
gente ou bicho, simplesmente
amo
Você conhece o amor?
Gedalva n. da paz
Menina Bela
Carol
Carolina
Carolaine
Quem é esta menina?
É Mona, é Laila
Que não veio, não nasceu
És Muana, és Bela
Meiga, linda
O encanto da menina que veio
Da bravura à mansidão
Doçura, beleza e sorriso
No canto da boca, rasgou
Menina, sempre moça
Na mulher és Maria Eduarda
Assim como
Isabella se fez
Cintura, elegância
São trejeitos dela
Corpo leve, languido
Sutil, manipulador, sedutor
Menina bela
Feminina
De cabelo trançado, black
Solto ou amarado
Sempre és luz
O seu ser ilumina o teu querer
Olhar profundo, intenso
Guarda segredo
Seu corpo dança no movimento do vento
Esculpe a sombra da tarde
Se energiza com os raios do sol
A brisa maquia seu rosto
O arco colorido dá o tom que preferir
Menina tu és bela, feri e sangra
Malícia, inocência
Forte e fraca o que decidir
Pisa forte, não anda, baila
Menina solta, coragem
Menina, tu és mina
Quando for velha
Será sempre uma menina.
Da língua ao corpo
Língua do corpo que fala
Língua que cala
Língua que lambe
O corpo
Língua que fala a verdade,
Mentira
Que inventa para a sua própria crença
Ilusão ou imaginação
Sustenta no corpo
No ar, no chão
Sonha o que deseja
Deseja o que não sonha
Das verdades falsas
Das fofocas que são suas
Dos outros
Realidade
Verdade
Corpo com língua
Fala
Corpo sem língua
Cala
Cala não fala
Verdades não ditas
Fala do corpo que não conhece
Fala do corpo que quer conhecer
Corpo da língua afiada
Corpo que bebe
Bebe o corpo
Corpo que fuma
E é fumado
Corpo bêbado
Corpo fumado
Corpo que incorpora
Corpo do seu corpo
Corpo do sem corpo
Corpo do corpo.
*
Gedalva Neres da Paz /
Valuza Saraiva
Minibio
Gedalva Neres da Paz:
Salvador, BA. Sou Gedalva Neres da Paz, mulher negra, mãe de três lindos filhos. Amiga e companheira. Terapeuta de Análise Corporal Bioenergética. Presto assessoria e coordenação pedagógica a/o professor/a. Professora Alfabetizadora. Mestre em Desenho Cultura e Interatividade. Especialista em Gestão de Ensino e Psicopedagogia Junguiana. Sou educadora, funcionária pública municipal, levo a sério e não estou de brincadeira. Aprecio a natureza. Tomar banho de mar é o meu bem, minha cura. Sou intensa, autêntica e pago caro por isso, mas tudo bem, contudo, consigo ser EU. Gosto de música, de dançar, passear, comer, receber amigos, festas, escrever poesias e de abraçar sem medo de errar.
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