segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Gedalva Neres da Paz / Escritora * Antonio Cabral Filho - RJ

Gedalva Neres da Paz
Escritora e poeta
*
CORPO INQUIETO

Corpo inquieto

que não se cala
se agonia
ferve em si mesmo

Cala a boca do corpo

abre a boca do corpo
porque diz tanto
e não se ouve

Cala as bocas

da insatisfação
dos medos absolutos
da exibição da sua carência

Corpo que grita no silêncio

ninguém escuta a sua procura
corpo insano
corpo esquisito
de crenças enlouquecidas

Ah! Que corpo desconhecido

que procura desencontrada
do tudo para o nada
curvo ou reto
do bonito ao feio

Corpo sem osso

corpo com muito osso
carne, gordura ou músculo?
Vazio ou cheio
corpo que não tem gente
gente sem corpo
corpo de muita gente



                                                      
 O que é o amor?


O amor é energia
que  toma o meu corpo
me deixa tonta
sei lá o que
                                                   O amor é uma força
                                                   Enlouquecedora que me deixa grande
                                                   que me dá entusiasmo
                                                    e me joga para frente
                                                                                                   
                                                       O amor tem sexo?
                                                       O amor tem endereço?
                                                       O amor tem vida,
                                                       O amor tem prazer

Prazer que eu encontro no encontro
dos corpos que falam, que gritam
e que nem os pares não escutam, nada
O amor é o silencio da alma, da escuta

                                                      da primavera, do por do sol , do mar
                                                      da cachoeira , do rio, dos riachos e dos animais
                                                       O amor tem a forma do vento
                                                        E não tem tempo

O amor sou eu e você, o amor é seu, e meu
Ninguém dá ninguém tira
Pois é só seu, uma vez conhecido
Jamais devolvido, dentro de você despertado
Estará sempre pronto para ser amado.
portanto, ou amo eu, você, homem e mulher, criança ou velho,
gente  ou bicho, simplesmente amo
Você conhece o amor?


Gedalva n. da paz


Menina Bela


Carol
Carolina
Carolaine
Quem é esta menina?

É Mona, é Laila
Que não veio, não nasceu
És Muana, és Bela
Meiga, linda

O encanto da menina que veio
Da bravura à mansidão
Doçura, beleza e sorriso
No canto da boca, rasgou

Menina, sempre moça
Na mulher és Maria Eduarda
Assim como
Isabella se fez

Cintura, elegância
São trejeitos dela 
Corpo leve, languido
Sutil, manipulador, sedutor

Menina bela
Feminina
De cabelo trançado, black
Solto ou amarado

Sempre és luz
O seu ser ilumina o teu querer
Olhar profundo, intenso
Guarda segredo

Seu corpo dança no movimento do vento
Esculpe a sombra da tarde
Se energiza com os raios do sol
A brisa maquia seu rosto 
O arco colorido dá o tom que preferir

Menina tu és bela, feri e sangra
Malícia, inocência
Forte e fraca o que decidir
Pisa forte, não anda, baila

Menina solta, coragem
Menina, tu és mina
Quando for velha

Será sempre uma menina. 


 Da língua ao corpo 

Língua do corpo que fala
Língua que cala
Língua que lambe
O corpo

Língua que fala a verdade, 
Mentira
Que inventa para a sua própria crença
Ilusão ou imaginação

Sustenta no corpo
No ar, no chão 
Sonha o que deseja
Deseja o que não sonha

Das verdades falsas 
Das fofocas que são suas 
Dos outros 
Realidade 
Verdade

Corpo com língua
Fala
Corpo sem língua 
Cala

Cala não fala
Verdades não ditas 
Fala do corpo que não conhece
Fala do corpo que quer conhecer
Corpo da língua afiada

Corpo que bebe
Bebe o corpo 
Corpo que fuma 
E é fumado
Corpo bêbado
Corpo fumado

Corpo que incorpora 
Corpo do seu corpo
Corpo do sem corpo
Corpo do corpo.


*
Gedalva Neres da Paz /
Valuza Saraiva

Cabelo Belo
Metanoia Editora 2017

Minibio


Gedalva Neres da Paz: 


 Salvador, BA. Sou Gedalva Neres da Paz, mulher negra, mãe de três lindos filhos. Amiga e companheira. Terapeuta de Análise Corporal Bioenergética. Presto assessoria e coordenação pedagógica a/o professor/a. Professora Alfabetizadora. Mestre em Desenho Cultura e Interatividade. Especialista em Gestão de Ensino e Psicopedagogia Junguiana. Sou educadora, funcionária pública municipal, levo a sério e não estou de brincadeira. Aprecio a natureza. Tomar banho de mar é o meu bem, minha cura. Sou intensa, autêntica e pago caro por isso, mas tudo bem, contudo, consigo ser EU. Gosto de música, de dançar, passear, comer, receber amigos, festas, escrever poesias e de abraçar sem medo de errar.

10 comentários:

  1. O belo encarna na fala,no silêncio ,nos olhos e em tudo que pode transformar...Gedalva vc é bela!!!!bjs

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  2. Estou tão feliz por pessoas que se expressam como queríamos/deveríamos!
    Feliz por sentir vividamente nossos pensamentos interpretados e projetados como palavras, símbolos, signos de viver.
    Parabéns!
    Parabéns por se representar nas referências sem absurdos, contudo bem observadas.
    Aplausos.

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  3. Como falar,como traduzir e não degustar de tanta luz,tanto amor,tanta força expressa em palavras que conseguem mexer com sentimentos tão intensos.
    Parabéns por tanto dom!!!!

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  4. Parabéns!!! Sucesso e luz!!!! Sua intensidade é um presente para quem pôde e pode vivênciar/ compartilhar.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. admiro muito pessoas que conseguem se expressar com tanta profundidade , tua intensidade em cada verso teu me encantou , parabéns pelo seu trabalho !!!

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